sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A química das claras e uma receita


Nestes dias de chuva adoro colocar mãos-à-obra num laboratório improvisado: a cozinha! Assim, resolvi fazer uma nova experiência – uma mousse de alfarroba (um dos meus ingredientes favoritos e que considero injustamente esquecido e desaproveitado na nossa gastronomia).

Apesar de saborosa, a experiência terá de se repetida, uma vez que a mousse ficou muito aguada. Para explicar este resultado surgem-me duas hipóteses: ou a receita terá que ser reformulada ou, provavelmente, as claras terão ficado mal batidas. E aqui a ciência pode dar uma ajuda.

Quimicamente, as claras em castelo são consideradas espumas, ou seja, uma dispersão de bolhas de ar num líquido - a clara de ovo. 

 Cerca de 88% da clara é constituída por água (prova que me levou a concluir que as culpadas pela mousse ter ficado aguada foram as claras!). Aproximadamente 11% são proteínas e uma pequeníssima percentagem corresponde a açúcar e minerais. 
Ao bater as claras estamos a provocar uma mudança de conformação em algumas das proteínas, as quais deixam de estar enroladas sobre si próprias e esticam-se, permitindo assim a entrada de ar. Este ar fica depois aprisionado num emaranhado de fios proteicos, viscoso o suficiente para a espuma ficar estável.

Mudança da estrutura normal das proteínas. Este processo é conhecido por desnaturação.

O problema é que esta estabilidade é facilmente interrompida, por exemplo, pelo contacto com gordura ou com um pedacinho, aparentemente inofensivo, de gema (1/3 da gema é gordura) que possa ter caído nas claras. Isto porque, as moléculas de gordura dificultam a formação da rede em volta das bolhas de ar. Por esta razão, as claras devem ser batidas em taças de vidro e não em taças de plástico, do qual é mais difícil remover a gordura.
 
Uma outra explicação para as claras ficarem mal batidas pode também estar relacionada com a temperatura dos ovos. Se utilizarmos ovos saídos diretamente do frigorífico poderemos obter maus resultados. A baixas temperaturas, as proteínas possuem menor liberdade de movimento e assim ficam mais próximas umas das outras, pelo que se torna mais difícil o ar conseguir entrar na rede.
Para terminar, a atividade de hoje só podia ser uma receita. Esta devidamente testada e aprovada (a mousse de alfarroba terá ainda que ser sujeita a novos testes para posterior publicação aqui no blogue).

Até lá, bom fim-de-semana, ComCiência!

Bolo de claras e sumo de laranja

Ingredientes

125g de manteiga
225g de açúcar
1 colher de chá de fermento
Sumo de 1 laranja
8 claras
  
 Mãos-à-obra
Comece por bater a manteiga com o açúcar. 
De seguida, junte a farinha, o fermento e o sumo da laranja e misture bem.
Bata as claras em castelo firme e envolva no preparo anterior sem bater. 
Leve a forno médio (180ºC) numa forma, untada com margarina e polvilhada com farinha, durante aproximadamente 40 minutos.

Bom apetite 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Os suspeitos do costume: os genes

Um vídeo que desvenda, de uma forma divertida, porque somos todos 99,9% iguais!




Bons momentos ComCiência!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

À pesca de cubos de gelo ou por que razão se deita sal nas estradas com gelo.


Face ao frio e à neve que se faz sentir em Portugal, muitas cidades continuam hoje vestidas de branco. Um cenário magnífico, mas que condiciona rotinas e dificulta a circulação de pessoas e automóveis. Para ajudar a abrir caminhos são necessários os limpa-neves e SAL, muito SAL!
A atividade de hoje vai-nos ajudar a perceber um pouco melhor o que faz o sal nestas situações.

Como pescar cubos de gelo apenas com um fio? 
 
Material
Fio
Taça com água                                                              
Cubos de gelo
Sal fino

               
Mãos-à-obra

Começa por encher metade de uma taça com água e coloca alguns cubos de gelo lá dentro;
Coloca uma parte do fio sobre os cubos de gelo e outra parte fora de água;
Deita uma quantidade generosa de sal fino sobre os cubos de gelo, especialmente nas zonas em que o fio está em contacto com os cubos;
Aguarda uns minutos e de seguida puxa o fio pela ponta que está fora de água.

Resultado

Uma excelente pescaria! O fio ficou preso aos cubos de gelo e assim conseguiste pescá-los!
Bom trabalho!

Explicação

Ao colocarmos sal no gelo estamos a provocar uma diminuição do ponto de fusão1 do gelo. Isto significa que, em vez de os cubos de gelo fundirem (derreterem) a uma temperatura superior a 0ºC, vão derreter a uma temperatura mais baixa. Mas para o gelo derreter, é necessário que ele absorva energia (sob a forma de calor) de algum meio. Neste caso, os cubos de gelo absorvem energia da água que está à sua volta, que fica assim mais fria (da mesma forma que quando aquecemos as nossas mãos numa chávena de chá quente, estamos a absorver energia do chá quente, que fica assim mais frio). Este arrefecimento da água faz com que o fio “congele”, ficando preso aos cubos de gelo.

Agora já percebemos porquê que o sal é adicionado às estradas com gelo. Com sal, o gelo derrete a temperaturas mais baixas facilitando assim a sua passagem para o estado líquido.

E será que conseguem responder aos próximos desafios?

1. O que congela mais rápido: um copo com água ou um copo com água e sal?

2. Onde é que será mais fácil derreter cubos de gelo: num copo só com água ou num copo com água e sal?


Até lá, boas atividades ComCiência!


Notas

1) Ponto de fusão - Temperatura à qual uma substância passa do estado sólido para o estado líquido.
2)É possível encontrar um vídeo desta experiência aqui http://ensinofisicaquimica.blogspot.pt/2008/06/como-pescar-um-cubo-de-gelo.html

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Sons exóticos à distância de um clique

Biblioteca digital com a maior e mais antiga coleção de sons animais coloca à disposição na Internet gravações áudio e vídeos de mais de nove mil espécies.

Um arquivo que pode enriquecer uma aula de ciências ou servir simplesmente para relaxar com os sons da Natureza.

A notícia e o link da biblioteca estão disponíveis aqui:

Boas notícias, ComCiência!

Jogo da pesca

Na atividade de hoje vamos tentar descobrir quais os materiais que são atraídos por um íman. Para isso, vamos à pesca desses objetos, utilizando o poder de atração dos ímanes!


Pesca magnética

Material

1 Íman pequeno por cada jogador
Fio
1 pau de espetada por cada jogador
Clipes; Rodela de cortiça; papel de alumínio
Moedas (de diferentes valores)
Alfinetes; Botões; Tampas de caneta
Recipiente de plástico que sirva de piscina
Ampulheta (ou cronómetro)
               
Mãos-à-obra

Para iniciar o jogo é necessário construir primeiro o tabuleiro e as canas de pesca.
Assim, o tabuleiro poderá ser, por exemplo, um garrafão de água cortado ao meio, no qual iremos colocar os materiais a serem “pescados”. De seguida, poderá optar por encher ou não a metade do garrafão com água.
Depois do tabuleiro pronto, é a vez de construirmos as canas de pesca. Para isso basta amarrar ao pau de espetada (ou pau de gelado) uma ponta do fio. Na outra ponta prende-se o íman – está construída a nossa cana!

O jogo está quase pronto a começar. Basta apenas preparar o contador de tempo. 
As regras do jogo são simples: ganha o jogador ou a equipa que pescar mais objetos num menor intervalo de tempo (poderá ser dado um tempo limite para cada partida).


Resultado
Não foi possível pescar todos os objetos, mas não é falta de jeito do nosso pescador! É que nem todos os materiais são atraídos pelos ímanes! 

Para uma melhor visualização e discussão dos resultados, os mesmos poderão ser organizados numa tabela como a seguinte:

Tabela: Registo de resultados
Material
É atraído pelo íman
Não é atraído pelo íman
Clipe metálico
X

Cortiça

X
Moedas de 0,01€;0,02€ e 0,05€
X

Moedas de 0,10€;0,20€ e 0,50€

X

Outras sugestões

Esta atividade poderá também servir para desenvolver a criatividade e a expressão artística de cada equipa. Assim, o tabuleiro poderá ser decorado com motivos de mar e poderão também ser feitos pequenos peixes, em cartão ou cartolinas coloridas, que depois podem ser colados aos objetos, tornando assim mais “real” a pescaria.

Esta atividade pode ainda ser utilizada para falar da separação dos componentes de uma mistura. Através do poder do íman, os curiosos percebem que podem facilmente separar plástico do ferro. Esta técnica é denominada de separação magnética e é muito utilizada em sucatas assim como no tratamento de lixos urbanos.  

Explicação

Os ímanes possuem propriedades magnéticas, o que significa que tem a capacidade de atrair ferro, níquel e outras ligas metálicas destes elementos. No entanto, outros metais como o ouro, a prata ou o alumínio, assim como materiais como o plástico ou cortiça, não sofrem qualquer efeito visível quando sujeitos à ação de um íman comum.

Perante os resultados obtidos os nossos curiosos têm um novo desafio pela frente: descobrir qual a composição das diferentes moedas de euro para perceber porquê que umas são atraídas pelo íman e outras não!

Até lá, bons desafios ComCiência!